segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Em ‘Vidas em jogo’, da Record, Lucinha Lins diz que se intromete no texto para defender sua personagem

Foto de Simone Marinho
RIO - Nos últimos três anos, Lucinha Lins passou de psicopata incendiária a mulher humilde que apanha do marido. Quem vê a cara de boazinha e o rosto ainda muito bonito aos 58 anos talvez não imagine a atriz na pele de Vilma, de “Chamas da vida” (2008), ou Zizi, seu atual papel em “Vidas em jogo”, ambas na Record. A própria Lucinha diz ter ouvido que não combinava com as personagens

— Quando fiz a Vilma, muita gente disse: “Você vai fazer vilã assassina? Com essa carinha?”. E, no fim, foi bárbaro. Agora, com a Zizi, ouvi: “Você vai ser aquela pobrezinha? Ih, Lucinha, você é muito princesa, bonitona”. Agradeço por acharem isso, mas não posso fazer uma pessoa pobre, submissa e bonitona? — pergunta.

A beleza é, de fato, um atributo historicamente admirado na atriz. Seus passos iniciais na carreira artística foram na música: na década de 70, gravou o primeiro disco e participava dos shows do então marido Ivan Lins, de cuja união nasceram os filhos João e Claudio Lins. Nos anos seguintes, seu nome estourou de vez: ganhou um festival da canção, imortalizou a versão de “História de uma gata” no filme “Saltimbancos Trapalhões” (1981) e interpretou personagens marcantes na TV: a Santinha da minissérie “Rabo de saia” (1984) e a Mocinha Abelha de “Roque Santeiro” (1985). Seu nome e suas fotos estavam em todas as capas de revista. Seu ensaio para a “Playboy”, aliás, é até hoje considerado um dos mais bonitos, com imagens inspiradas em Marilyn Monroe, feito em 1984. Foi ela quem decidiu tudo, do tema ao fotógrafo responsável.
— A revista vinha me cantando há anos e eu estava decidida a não aceitar. Um dia, vendo fotos da Marilyn, tive um estalo e resolvi fazer. Mas só se fosse como eu queria. Chamei o J.R. Duran e nós mesmos, além do Claudio (Tovar, ator, com quem Lucinha está casada há 28 anos e tem uma filha, Beatriz ), fizemos a produção. O resultado é que as fotos pertencem a mim e não à “Playboy”. Duran e eu escolhemos as melhores e vendemos para a revista. Se quiserem republicar, precisam da nossa autorização.

Essa postura decidida de fazer as coisas do seu jeito se mantém intacta. Em casa, no Recreio dos Bandeirantes, a atriz dá orientações sobre o almoço e as compras, além de se desculpar pela bagunça. É dia de faxina, ela explica, mostrando objetos de decoração e falando sobre seus métodos de arrumação. No set, também gosta de controlar tudo e admite que dá seus pitacos.
— Tenho muita colher de chá da direção. Eu dou muita peruada! Defendo a personagem com unhas e dentes. Vou até de encontro à autora e falo: “A Zizi jamais diria isso” — conta Lucinha, às gargalhadas: — A Cristianne Fridman é muito carinhosa. Às vezes, me telefona para dizer que gostou.
A autora é a responsável pelos dois recentes papéis de Lucinha, cujas interpretações rendem elogios. Ex-prostituta, casada com um homem violento, Zizi apanha em “Vidas em jogo”. Com roupas simples, maquiagem feita “para derrubar” e aspecto cansado (“Solto a alça do sutiã para sentir o corpo pesar”, diz a atriz), em cena Lucinha nem de longe lembra a mulher vaidosa que se maquia enquanto dá entrevista. Mas ela não se incomoda em aparecer assim. Atitude típica de uma “atriz no sentido pleno da palavra”, como define Cristianne.

— Quando assisto à novela, estou ali como telespectadora e da Lucinha sou fanzoca de carteirinha. É muito gratificante quando uma cena que você imaginou, escreveu e vai assistir vira uma experiência de emoção, de prazer. A Zizi da Lucinha é sempre muito maior do que a das minhas letras.
Outra oportunidade de assistir à performance da atriz é a reprise de “Roque Santeiro”, no Canal Viva. Na época, aos 31 anos, Lucinha deu vida à “viúva virgem” Mocinha Abelha, que entrou para a galeria de personagens marcantes do folhetim e da História da TV. Ela exclama um “Ai, que delícia!” ao falar da novela e lembra que muita gente boa começou ali. Os 27 anos de distância provocam até uma avaliação mais condescendente de seu próprio trabalho.

— Não tem nada pior que autocrítica. Na hora, você acha uma porcaria. Passam-se os anos e você tem no mínimo uma ternura por aquilo. Hoje, penso que eu não era tão ruim — observa ela, que ainda ouve comentários: — Outro dia, me falaram na rua: “Estou te vendo no ‘Roque Santeiro’. Você continua igual”. Sei... A Mocinha agora é avó,  ?
Os netos, aliás, são o maior motivo de alegria da atriz. Os olhos ficam cheios de lágrimas ao falar de Tito, de 3 anos, e Lui, de 3 meses, ambos de seu filho João:


— Eu tive muitas emoções na vida. Mas ser avó é um tamanho de emoção que não imaginava existir. É um salto enorme, é over .
Orgulho também não falta quando se trata do filho Claudio Lins, protagonista de “Amor & revolução”, do SBT. Segundo Lucinha, eles assistem ao desempenho um do outro, trocam ideias e até falam mal quando a atuação não é lá essas coisas. “É lindo ouvir um elogio de um filho”, diz ela.
— A gente troca muita figurinha. Na cena em que ela foi espancada, por exemplo, liguei logo para dizer que tinha gostado. Ela está ótima — coruja Claudio.


Leia mais: http://extra.globo.com/tv-e-lazer/em-vidas-em-jogo-da-record-lucinha-lins-diz-que-se-intromete-no-texto-para-defender-sua-personagem-2736578.html#ixzz1fgZbVK6O

Nenhum comentário:

Postar um comentário